Chame no Whatsapp

A Reinvenção do Varejo Físico: Do Consumo de Massa à Experiência Personalizada

Por décadas, as lojas de departamento e os shoppings centers foram ícones do consumo de massa, oferecendo conveniência, variedade e segurança em um único espaço. Mas o avanço do e-commerce, a digitalização e a mudança de comportamento dos consumidores exigiram uma profunda transformação. Hoje, o varejo físico não sobrevive apenas vendendo produtos — ele precisa criar experiências, conectar comunidades e oferecer serviços que vão além da compra.

Tendência Global: Lojas como Hubs de Experiência

Durante o Latam Retail Show – NRF Europe, especialistas como Selvane Mohandas du Menil (IADS) e Marcello Zanfi (CBRE Italy) destacaram que a reinvenção das lojas de departamento é parte de uma mudança maior: a transição de espaços centrados em produtos para hubs de experiência, curadoria e serviços.

Exemplos internacionais mostram essa virada:

  • Selfridges (Londres): incorporou pista de skate, cinema e espaços de arte para atrair públicos diversos.
  • One Wall Street (Nova York): prioriza hospitalidade, gastronomia e entretenimento antes do varejo tradicional.
  • Boiler (Istambul): promove eventos esportivos e culturais sem vender produtos, focando em engajamento comunitário.
  • Falabella (Chile, Peru, Colômbia): deixou de se definir como loja de departamento e se posiciona como plataforma de lifestyle, integrando varejo, eventos e canais digitais.
  • American Dream Mall (Nova Jersey): mistura lojas, parque aquático, pista de esqui e atrações familiares.

Esses espaços não competem apenas com o e-commerce — eles oferecem algo que o digital não consegue replicar: vivência, interação e pertencimento.

O Brasil na Vanguarda: Ecossistemas e Arquitetura Experiencial

No Brasil, a Lojas Renner é um exemplo emblemático. Com cerca de 690 unidades no Brasil, Argentina e Uruguai, a empresa deixou de ser uma loja de departamento tradicional para se tornar um ecossistema de marcas especializadas: Camicado (casa e decoração), Youcom (moda jovem), Ashua (plus size), Repassa (second hand) e Realize (serviços financeiros). Essa estrutura permite uma jornada omnicanal fluida e fortalece a fidelização — clientes da Realize representam 30% da receita da Renner.

Outros exemplos brasileiros mostram como o design e a arquitetura estão sendo usados para transformar lojas em espaços de encontro e experiência:

  • AMARO Guide Shop (SP): loja física conectada ao digital, com atendimento personalizado e ambiente instagramável.
  • Zissou Flagship (SP): loja de colchões com ambientação sensorial e espaços de descanso.
  • Haight Clothing (RJ): mistura moda com arte e arquitetura minimalista.

Go2Get: A tecnologia que leva o cliente de volta à loja física

Durante a pandemia, o e-commerce teve um crescimento explosivo. Mas com a retomada das atividades presenciais, surgiu um novo desafio: como reconectar o consumidor com os espaços físicos?

A 3RCorp, empresa com mais de 20 anos de experiência em inteligência de dados para o varejo, lançou o app Go2Get com esse propósito. O aplicativo divulga ofertas de lojas físicas localizadas em centros comerciais, atraindo o cliente por meio da geolocalização e da personalização de promoções. O foco é claro: transformar cada visita em uma experiência memorável, valorizando o que o varejo físico tem de mais autêntico — o toque, o atendimento, a atmosfera.

O Go2Get integra o conceito phygital, unindo o melhor do físico e do digital para criar uma jornada fluida e envolvente. Com dashboards inteligentes e IA para avaliação de ofertas, o app ajuda lojistas a entenderem o comportamento do público e a otimizarem suas estratégias.

Shoppings: Do Varejo à Multiplicidade de Serviços

Os shoppings também estão se reinventando. Após a crise das grandes varejistas, muitos passaram a substituir lojas-âncora por operações menores e diversificadas. Segundo Época Negócios, essa mudança aumentou o faturamento em até 33,9%.

Além disso, áreas vagas estão sendo convertidas em coworkings, clínicas, academias e até residências. O shopping se torna um centro de convivência, saúde e trabalho — não apenas de consumo.

Lojas de Rua: Segurança e Acessibilidade como Diferenciais

A insegurança urbana e a escassez de vagas de estacionamento são desafios para o varejo de rua. Para enfrentá-los, lojistas têm adotado estratégias como:

  • Instalação de câmeras e sensores.
  • Iluminação estratégica e vitrines abertas.
  • Parcerias com estacionamentos privados e apps de mobilidade.
  • Layouts que favorecem visibilidade e fluxo seguro.
  • Eventos comunitários para atrair e fidelizar o público local.

Essas ações não apenas protegem o negócio, mas também criam uma experiência mais acolhedora e segura — algo que se aproxima da proposta dos shoppings, mas com o charme da rua.

O Futuro do Varejo Físico

A loja física não está morrendo — está evoluindo. E essa evolução passa por tecnologia, experiência e conexão. Seja em um shopping com pista de esqui, uma loja de rua com café e galeria de arte, ou um app como o Go2Get que leva o cliente até a vitrine certa, o varejo físico está se reinventando para continuar relevante.

Como bem disse Selvane Mohandas: “A reinvenção está no cerne das lojas de departamento. É isso que elas têm feito nos últimos 200 anos”.

Referências: